quinta-feira, 25 de março de 2010

Acho que Catequese é isso

Ensinamento


Minha mãe achava estudo
a coisa mais fina do mundo.
Não é.
A coisa mais fina do mundo é o sentimento.
Aquele dia de noite, o pai fazendo serão,
ela falou comigo:
"Coitado, até essa hora no serviço pesado".
Arrumou pão e café , deixou tacho no fogo com água quente.
Não me falou em amor.
Essa palavra de luxo.


Adélia Prado...

Que acham disso se transposto para vivência eclesial do mistério???

terça-feira, 10 de novembro de 2009

CATEQUESE e sua IDENTIDADE

IDENTIDADE DA CATEQUESE - PROCESSO HISTÓRICO
A marca essencial de alguma coisa sempre é dada, de modo geral, para que se saiba, em primeiro plano, do que se está falando. Por exemplo, numa conversa sobre educação existe um campo de assuntos muito vasto, pois há áreas sobre a prática docente, a qualidade de ensino, o desenvolvimento da criança, a didática,etc. Do mesmo modo ao se discutir política, futebol, cultura, economia e religião. Daí entender que a palavra identidade está diretamente relacionada a soma de inúmeras ações teórico-práticas de um determinado conceito e/ou conjunto que, sucintamente se pode afirmar, que é o essencial de um todo. A identidade é como bússolas no decorrer de um caminho, longo e desafiador, que indicam quais os objetivos da área em discussão. Ao se perguntar pela identidade da catequese, se entende o que é próprio das experiências deste fazer ecoar a palavra de Deus através da vida e da fé eclesial.

O fundamental para pensar a essência da catequese é refazer o percurso histórico pelo qual ela se consolidou. Viveu desafios, parou em obstáculos e seu momento atual. É perceber os momentos de luzes e sombras no processo histórico ao longo dos séculos de atividade evangelizadora da Igreja. O marco recente que norteia e remete qualquer catequistas à pensar sua teoria e prática catequética é o Concílio Vaticano II. Pois trata-se de uma virada fundamental, desde sua eclesiologia (modo de ser Igreja), até a ação catequética pensada à Luz da Dei Verbum. Essa constituição dogmática apresenta a pedagogia divina da Revelação aos seres humanos na Palavra de Deus e a indica como fonte primordial da catequese.

A perspectiva teórica a fim de pensar o termo é muito importante. Nesse intento de retorno e atualização histórica é possível o enfrentamento das idéias e assim surgem possibilidades de novas respostas aos novos desafios presentes no mundo pós-moderno. O termo katechesis, no grego, não aparece na experiência neotestamentária ipsis literis (tal como). Mas tem-se a palavra Katechein: ressoar, que pode ser entendida como a narração de histórias a fim de convencer o ouvinte. Ainda aparecem os Relatos, que em At 21, 21-24 e Lc 1,4 são alguns dos melhores exemplos desse modelo de narrar histórias para convencer quem a ouve. Outra nuance desse processo de fazer ressoar ou relatar acontecimento às pessoas é o aspecto de falar sobre os Mistérios da Fé, esse sentido pode ser verificado em At 18,25; Rm 2,18; Gl 6,6..

A Igreja Primitiva entendia que CATEQUESE é própria Pregação Cristã, que tinha uma grande e única meta e nessa havia dois momentos e aspectos. A pregação cristã que fundamentava a Fé para atingir a conversão. Assim os iniciantes (contexto grego do Novo Testamento) ou nova semente (latim romano) e ainda podia se encontrar a Catequese com tom de Instrução para orientar a vida dos cristãos já maduros na fé.

A identidade da catequese foi assumindo algumas características bem próprias do contexto historio no qual estava inserida. Nos primeiros anos do Século II a Catequese era entendida como Instrução. Era dirigida, por introdutores, aos candidatos do Batismo, pois a realidade de perseguição aos cristãos e a predominância da cultura helênica no império romano, fez com que muitos fossem iniciados na fé, embora deixassem para receber o batismo só depois de idosos, pois o caráter de adesão ao cristianismo fazia com que se tornassem marginalizados socialmente já que a religião cristã não era reconhecida pelo Império Romano. A medida que a sociedade romana passava a ter cristãos influentes nos âmbitos da política e da economia do império passam a viver e assumir cargos importantes a Igreja vai deixando seu aspecto de ilegalidade. Assim o Cristianismo inicia o processo de cristandade. Devido a oficialização do Cristianismo como religião do Império, por Constantino no século IV, a partir disso toda a sociedade romana e sua organização adquirem os moldes de ação da religião cristã e assim também o Império Romano influencia o modo de organização eclesial. Nesse período a Catequese acentua sua finalidade para a Pregação Catecumenal, ou seja, seu conteúdo valorizava demasiadamente esse momento da iniciação cristã não mais como vivência integral e sim como um atestado de cidadania e integração social.

Na Idade Média a presença da Igreja era predominante e, sendo assim, a cultura era Cristã Católica, por isso a Catequese assume somente o aspecto da instrução cristã pelos Catecismos da Cristandade. Não se tratavam de livros, mas de um método na pregação de manutenção social e religiosa. No período da baixa-idade-média, século XV, encaminhando para o seu fim, o movimento protestante surge com grande força. E com o Concílio de Trento a Catequese passa a ser entendida como o Ensino da Doutrina, era também uma iniciativa para evitar o avanço das doutrinas discordantes da Fé Católica. Em seguida, até o período do século XVIII, a Catequese como doutrinação não apresentou novidades quanto a sua identidade ou métodos.

Somente no final do XIX para XX com o Papa Pio XI a Catequese se preocupa com seu modo de atuar e suas finalidades. Na primeira metade do século XX surgem as várias Metodologias de preparação sacramental, já no período de 1950-60 a Catequese assume formas Querigmáticas, ou sejas, várias tentativas de vivenciar o sacramento no período mesmo de sua preparação. Nesse processo muitos catequetas e catequistas tentam retorná-la, a partir da experiência primitiva, ao que se pode chamar de Evangelização dos cristãos.

A proposta do Concílio Vaticano II redireciona a Catequese para a experiência das primeiras comunidades que buscavam viver o Reino de Deus na sua prática e profissão de fé cotidiana. A idéia de Igreja instaurada a partir de desse momento, sua eclesiologia é ser POVO DE DEUS, na COMUNHÃO e PARTICIPAÇÃO DE TODOS. Assim a Catequese de Iniciação reassume seu status original para que o Batismo e suas exigências, viver a vocação profética, sacerdotal e real cooperem para que as “As alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos homens de hoje, sobretudo dos pobres e de todos aqueles que sofrem, são também as alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos discípulos de Cristo; e não há realidade alguma verdadeiramente humana que não encontre eco no seu coração. Porque a sua comunidade é formada por homens, que, reunidos em Cristo, são guiados pelo Espírito Santo na sua peregrinação em demanda do reino do Pai, e receberam a mensagem da salvação para a comunicar a todos. Por este motivo, a Igreja sente-se real e intimamente ligada ao género humano e à sua história.”(Gaudium et spes,1.1964)

Os documentos posteriores a esse período apresentam a essência da Catequese como:
• Ct 18: Educação da Fé [...] orgânico, sistemático [...] iniciar na plenitude da vida cristã. Catequese em nossos dias. PP. João Paulo II
• CR: ...processo de educação comunitária, permanente, progressiva, ordenada, orgânica e sistemática da fé. [...] (em vista do) amadurecimento. Catequese Renovada – doc. 26 CNBB

A perspectiva de conjunto do que se entende por Catequese é sugerida por Dom. Eugênio Rixen, assessor da Comissão Episcopal Pastoral para a Animação Bíblico-Catequética da CNBB, na homilia da Missa, presidida por ele, no dia 24/04/2009 na 47ª Assembléia Geral dos Bispos. Nela apresenta os desafios da missão catequética.

“Na nossa missão catequética ficamos, às vezes, frustrados. Tantas crianças fizeram a 1ª Eucaristia, tantos jovens foram crismados, mas onde eles andam. Os sacramentos da iniciação se tornam facilmente os sacramentos da despedida. O que fazer? Dar o pouco que temos e não desanimar. A obra não é nossa, mas de Deus. Com Gamaliel diante do Sinédrio, queremos dizer: “Se este projeto ou esta atividade é de origem humana, está destruída. Mas, se vem de Deus, não conseguireis destruí-los!”. (At 5, 39). Somos semeadores da Palavra, não donos. Deus manifesta sua grandeza através da nossa fraqueza. Uma pequena partilha pode se transformar num grande banquete. Jesus disse: “Fazei as pessoas sentar-se... tomou os pães, deu graças e distribuiu aos que estavam sentados, tanto quanto queriam. E fez o mesmo com os peixes”.“


O apontamento principal da Homilia de Dom Eugenio Rixen é dado por ele ao revelar e confirmar, mais uma vez, que a idéia geral e, por isso, identidade da catequese segundo as experiências das comunidades e documentos, frutos delas, na vida da própria Igreja.

O catequista é chamado a ser um grande apaixonado por Jesus e se alimentar de sua Palavra. Esta Palavra será amarga no estômago, mas na boca será doce como o mel, conforme disse o livro do Apocalipse 10, 9.
A Bíblia, carta de amor de Deus para nós, primeiro livro da catequese, continua sendo uma mensagem profética. Anuncia o Reino de justiça e de solidariedade, onde todos possam participar do banquete. E denuncia tudo o que é contra a fraternidade e vida para todos.

“[...] catequese prepara para viver os sacramentos da iniciação. Não para celebrar ritos sem compromisso, mas para reviver os mistérios pascais da morte e ressurreição de Jesus. Mergulhados com Cristo na sua morte, viveremos também para uma vida nova. Tem uma ligação profunda entre a eucaristia e a partilha do pão. A partilha do pão leva a entender a eucaristia e esta leva à partilha do pão. Fazer viver isto é o grande desafio da catequese. E isso só é compreensível através do testemunho de alguém que sabe conjugar, “Fé e Vida”.”

“O grande desafio da catequese é: ”Que Jesus transmitimos?”. No mercado religioso moderno muitos falam de Jesus. Mas de quem se trata de fato? Um Jesus milagreiro, um Jesus – resposta a todos os meus problemas, um Jesus milagreiro, um que traz prosperidade material, um Jesus mítico, um Jesus para mim. Mais do que nunca, os catequistas são convidados a conhecer o Jesus da história que se faz igual a nós em tudo menos no pecado. Um Jesus que carregou nossas dores e alegrias, sofrimentos e esperança. Um Jesus, revelação do amor do Pai. Um Jesus, que através da sua fraqueza na cruz, revela a força de Deus. Um Jesus ressuscitado! ”










SUGESTÃO DE LEITURAS/EMBASAMENTO DA AÇÃO Bíblico-Catequética

CNBB. 47ª Assembléia Geral - Homilia - dom Eugênio Rixen (At 5, 34-42; Sl 26/Jo 6, 1 – 15)24 de abril de 2009.
CATEQUESE EVANGELIZADORA. ALBERICH, Emílio. Ed. Salesiana, 2004. cap 3.
Catechesi Tradendae. Pp. João Paulo II.Exortação Apostólia pós-sinodal. 16 out. 1979.
CELAM. Manual de Catequética. Paulus, 2007. Parte II cap.02.
CNBB. Catequese Renovada. Doc. 26.1891.
CNBB. Diretório Nacional de Catequese. Doc. 84.2006

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

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“Cuidando do eco...”
A palavra catequese sugere uma tradução, muito conhecida, que é a de“fazedor de eco” e ou“ressoar, contar histórias, relatar” (katechein do grego) para que o catequista e a catequista possam fazer ecoar a Palavra de Deus é necessário que encontrem um coração aberto e disposto a receber o SOM VERDADEIRO e poder ECOAR.



Se pode a partir disso comparar o “sopro divino “ (Ruah – Gn 1,1-2), que é a Palavra, Jesus Cristo, levado aos corações humanos lhes dando o nefesh (Gn 2,7), tornando-o ser-vivente e assim passa a ser HUMANO, e sendo criatura é imanência e transcedência (encontra-se o Divino na Humanidade e a Humanidade na Divindade) ...

A vida exige que sempre se posicione ou que se tome alguma direção e se faça uma escolha. Geralmente elas são difíceis de serem tomadas. Mesmo quem nunca ouviu falar dos dez Mandamentos tem a consciência do certo e do errado. A partir de uma determinada idade o homem e a mulher, quase que são forçados a terem claro o que querem e como vão viver. Este questionamento irá persegui-los por toda a vida. Quando não sabem ou estão incertos, duvidosos e acham que são incapazes, sempre aparece alguém e nos ajuda, embora somente elas resolverão e enfrentarão as dúvidas, que como a verdade persiste e provoca a busca e vontade de saber-viver.

Uma das propostas mais antigas da humanidade sobre a Ajuda, o Aconselhamento, Guia ou ainda de Diretoção intelectual, espiritual e/ou afetiva sexual-emoticional, é a dos Pedagogos Gregos, estes conduziam as crianças até chegar na Escola, lugar do ócio. Eram sábios que orientariam e conduziriam pelos caminhos da vida as crianças confiadas a eles.

(O pedagogo grego, Grécia do século V, era alguém que, para além de ajudar a criança nas suas tarefas escolares, passeava com ela, levando-a ao centro da cidade, à praça pública, ao mercado, a visitar o pai no trabalho, e depois trazia-a para casa, auxiliando-a nas tarefas e nos trabalhos de aprendizado. São "gostos cultivados". De qualquer forma, o pedagogo era alguém que, abraçando a vida dessa criança, levava também, a passear, a cultivar a vida e seus prazeres. Daí vem a origem da palavra "escola", como o lugar do ócio) in MANACORDA,1989.

Jesus de Nazaré, o Cristo, nos propõe uma regra de ouro: “Amai-vos uns aos outros, como eu vos amei.” (João 15,12b). Nos ajuda a entender o projeto do Reino de Deus. Todos que crêem em Jesus Cristo procura, sempre, se deixar tomar pela espiritualidade Dele próprio. Essa espiritualidade é um comprometimento com a vida. Gerar vida em todas as instancia de nossa vida. Ele é o pedagogo e o próprio caminho.( João 14, 6-7.)


O grande desafio contemporâneo para os catequistas e as catequistas é o de estar preparado para ser instrumento do “eco”, por isso, em minha opinião, existem três pressupostos básicos em suas vidas:

1 – Vida de espiritualidade = encontrar- se com Jesus, a partir do conhecimento de si próprio. CONHECER-SE como pessoa. Ter CONSCIENCIA das limitações e qualidades. Saber-se criatura finita, dependente do Criador. Essa espiritualidade é elemento chave na vida cristã. É através dela que alimentamos nossa alma para a ação. Ver João 6, 26-27.

2 – Vida como Jesus = ser outros Cristo, procurar imitar Jesus. Evitar valorizar somente a divindade da figura do filho de Deus, verdadeiro Homem e verdadeiro Deus. Ele foi igual a nós em tudo, menos no pecado, disse São Paulo. Jesus está no meio de nós para se aproximar das pessoas, os pobres têm a preferência! Não colocar os sentimentos a serviço da Lei. Sempre valorizar a dignidade do outro. Procurar explicitar a importância de se ter uma consciência atual. Ver Mateus 12, 1-8.

3 - Vida de Comunidade = Viver com as pessoas, trabalhar com os mais carentes e fazer da comunidade um ambiente familiar. Se aproximar dos irmãos de comunidade. Não se auto-suficiente. Ver Lucas 19, 1-10.